quarta-feira, 6 de maio de 2015

Morro do Pai Inácio completa 15 anos de tombamento


Monumento natural de excepcional beleza e um dos principais símbolos do patrimônio paisagístico da Chapada Diamantina

Uma das atrações mais visitadas do Parque Nacional da Chapada Diamantina, na Bahia, o Morro do Pai Inácio completou 15 anos de tombamento federal. Situado no município de Palmeiras, às margens da BR-242, foi inscrito no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico no dia 05 de maio de 2000. O Morro é parte integrante de uma das mais grandiosas e imponentes paisagens nacionais, único acidente de relevo local acessível ao observador, o que lhe conferiu o papel de mirante, ponto obrigatório dos roteiros turísticos regionais.


Monumento natural, ecológico, paisagístico e geomorfológico muito importante para todo o Brasil, o Morro do Pai Inácio já foi alvo de depredações diversas, dentre as quais alargamento de trilhas, desmatamento de vegetação rupestre nativas e edificações visualmente poluidoras do excepcional acervo paisagístico. Em agosto de 1995, devido às ameaças, o Movimento Avante Lençóis encaminhou ao Iphan a proposta de tombamento, com mais de mil assinaturas de pessoas das mais diversas partes do mundo.

O Iphan, autarquia federal destinada à proteção do patrimônio cultural, procedeu a abertura do processo de tombamento número 1.356-T-95, visando a proteção do Morro do Pai Inácio, monumento natural de excepcional beleza e um dos principais símbolos do patrimônio paisagístico da Chapada Diamantina. Por unanimidade, o Conselho Consultivo de Patrimônio Cultural, em sua 17ª. reunião, realizada no dia 15 de junho de 1999, considerou o Morro Patrimônio Cultural Brasileiro.

O superintendente do Iphan na Bahia, Carlos Amorim, informou que o Morro do Pai Inácio, em vista da existência de ameaça, teve tratamento prioritário pelo Departamento de Proteção do Iphan, sendo o seu tombamento uma ação de urgência. “Paisagem de indiscutível beleza estética, o Morro do Pai Inácio tem relevante valor simbólico e cultural, compondo um conjunto cênico grandioso”, destacou.

O parecer técnico final, elaborado pelo arquiteto Carlos Fernando de Moura Delphim, responsável pela Área de Proteção Natural e Arqueológico do Iphan, levou em consideração os aspectos dos pontos de vista paisagísticos, ecológico e simbólico. Segundo ele “em um mundo cada vez mais ameaçado pela destruição dos valores originais, quando o crescente afastamento do homem da natureza coloca em risco todo legado material e imaterial do planeta, preservar fragmentos de paisagens paradisíacas é preservar muito mais do que valores físicos e biológicos: é preservar condições para que se manifestem os mais elevados sentimentos humanos, é permitir que se possa evocar estados que, no conturbado ambiente do mundo moderno, se tornam, cada vez mais, inacessível ao homem. A experiência da contemplação da Beleza é um direito da humanidade, condição da grandeza humana”.



A lenda do escravo foragido pai Inácio

Pai Inácio foi um escravo ao qual se atribui um lendário acontecimento. Foragido naquelas paragens, é descoberto, perseguido e acuado no topo do morro. Munido apenas de um guarda-sol, entre a certeza dos grilhões e o sonho da liberdade, atira-se no abismo, única forma de escapar de seus opressores. Consta que, de forma onipotente, se salvou mas desde então o Morro do Pai Inácio se impregnou de um sentido mais grandioso que o torna distinto de qualquer outro morro da Chapada Diamantina. Esta lenda adquiriu uma força simbólica que acabou de se impregnar ao local, emprestando-lhe o nome a posteridade.


Foto: Reprodução

Fonte: Ascom – Iphan - Ba